Turbo versus Aspirado, você sabe a diferença?

“Eu dei uma Aspirada no motor” ou “Eu dei uma turbinada no motor”… você já ouviu isso?

Muito provavelmente seu carro carro é aspirado e você nem sabia, porque esse termo “aspirado” é uma simplificação da concepção do motor de: Aspiração Natural.

Quer dizer que no próprio funcionamento do motor, ele “puxa” ou aspira o ar que precisa para funcionar, igual você faz com seu nariz. Portanto o termo “dei uma aspirada” no motor, não quer dizer muita coisa, sinto muito… Pois todo carro que não tem indução forçada de ar, é um carro “aspirado”. Entretanto, existem sim receitas excelentes de motores que usam com base a Aspiração Natural, os chamados Projetos Aspro, são melhorias em diversos componentes do motor, como aumento de vazão e pressão de bicos injetores ou mudanças de giclês dos carburadores combinados a uma melhora no fluxo de ar, seja na entrada do ar melhorando os sistemas de admissão em áreas de ar mais denso com os chamados cold air intakes, no(s) cabeçote(s) melhorando fluxo, velocidade de enchimento, etc, com melhorias em válvulas, comandos, paredes e nos coletores de escape, deixando eles menos restritivos e construindo eles de forma a acelerar a saída dos gases. Essa seria parte de uma receita básica para um projeto aspirado.

O funcionamento de um motor com preparação aspro será o mais parecido possível com um motor original, sem buracos na aceleração, potência e torque geralmente entregue de forma linear e com menor índice de quebra. Mas nem tudo são flores meus amigos… os cavalos extraídos de um projeto desses são os mais caros, pois exigem grandes investimentos para ganhos pequenos de cavalaria.

Turbo: o caracol da felicidade

Ao contrário de um motor de aspiração natural, um carro com Indução Forçada de Ar (termo correto), usa de um elemento para “forçar” o ar para dentro do motor, este pode ser um Turbocompressor, um Compressor de Lóbulos (o Supercharger) ou um Procharger (de forma simplificada, uma mistura entre o turbo e o supercharger).

Atualmente os carros turbo estão ganhando espaço, pois as montadoras estão apostando alto nos motores downsize turbo alimentados para economia aliada a potência, mas vamos focar em performance, e não em economia, ok?!

A ideia de “forçar” ar para dentro do motor não é nova, foi patenteada por Gottlieb Daimler em 1885. E vocês sabem, quanto mais ar e combustível entram na câmara de combustão, maior será o sorriso no seu rosto.

Algumas diferenças do tipos de indução forçada de ar mais comuns:

Turbo.

Turbo: Consiste em duas turbinas, unidas pelo mesmo eixo em que uma das turbinas é ligada ao sistema de escape do motor, os gases já queimados e quentes saem do motor e promovem a rotação dessa turbina , conhecida popularmente como “caixa quente”. Portanto aproveita-se uma energia potencial (força de saída dos gases do escape) que seria desperdiçada, para girar a outra parte da turbina (são ligadas pelo mesmo eixo, lembra?), essa parte chamada popularmente de “caixa fria” está ligada ao sistema de admissão de ar, ela vai comprimir a admissão de ar(forçar mais ar para dentro do motor) que vai gerar mais potência no motor, e mais saída de gases no escape tornando a soma de potência exponencial, até que o limite de fluxo da turbina seja atingido ou você pare de acelerar. Mas existe uma faixa útil de rotação em que é realmente gerado pressão positiva na admissão, e varia de acordo com seu projeto, que pode ser em baixas e médias rotações ou em médias e altas rotações, de acordo com o tamanho da turbina escolhida no projeto (tanto caixa quente como caixa fria). Esse tempo que a turbina leva para pressurizar o sistema, ou “encher” é conhecido como turbo lag ,embora não seja o termo exato.

Supercharger.

Supercharger: A função é a mesma, forçar mais ar para dentro do seu motor, porém, ao invés de usar os gases do escape, como nas turbinas, ele é acionado por correias, igual sistemas de ar condicionado e direção hidráulica. As vantagens são: Gera pressão desde a marcha lenta, a linha de escape não precisa ser desviada e refeita, geralmente não compartilha o sistema de lubrificação do motor, a potência é entregue de forma mais linear, pois o efeito lag é minimizado. Desvantagens: Não é tão difundido no Brasil, tem menos oferta de peças e mão de obra, pode ser até mais caro que uma turbina e por ser acionado por correias, parte da potência que ele gera, é consumida pelo próprio sistema. Em motores de grande deslocamento, no caso dos muscle cars (V8tão meu amigo), são mais comuns, o espaço entre as bancadas (vão do “V”) é geralmente o local de instalação, aproveitando espaço, e despejando ar pressurizado já na entrada do coletor.

Turbocharger: Bem incomuns ainda no Brasil, são uma mistura entre o turbo e o supercharger, basicamente uma “caixa fria” de turbina, acionada por por correia, igual ao supercharger.

Agora que você já sabe os tipos mais básicos de indução forçada de ar, sabia que é a forma mais barata de extrair potência de um motor, a relação potência x dinheiro investido é muito melhor que nos projetos aspirados, porém nada na vida são só vantagens, existe a questão do lag, da falta de linearidade caso o sistema não seja bem dimensionado, das quebras e da necessidade de incluir tal modificação na documentação do carro.

Ainda tem muito sobre o que falar sobre esse tema, cenas dos próximos capítulos.

Mas se você chegou até aqui, diz aí, vai de Turbão tudo que dá ou de Aspro raiz?